quinta-feira, 24 de março de 2011

O taxista swingueiro

  Eu contarei um fato isolado mencionando uma classe de trabalhadores a quem sou muito gratopela gentileza e sem a qual a disponibilidade eu não transitaria pelo ruas do Rio de Janeiro .Eis aqui a história do taxista swingueiro .
  Durante um ano eu fiz fisioterapia cuja locomoção era sempre feita via táxi.Da Barra até o Jardim Botânico.Eu não podia andar sozinho,estando em recuperação e a fisioterapia era exaustiva.Eu voltava dormindo quando retornava a minha casa.Foi necessária a assistência de um acompanhante,chamado Alessandro.Um cara jovem,também rubro negro e com o humor bem parecido com o meu.
  Pois bem,para realizar o mesmo trajeto,durante os mesmos dias da semana e batendo no mesmo horário,usar uma cooperativa de táxi era fundamental.Em mais um dia de ralação,ao final da sessão de fisioterapia e com o joelho extirpado de dor,surge o taxista.Ele já estava pronto para eu e o acompanhante embarcarmos.O cara era forte,da maromba e chegou cheio de moral:
-Quer ajuda aí,chefe?Eu aceitei a ajuda,mas pensei que bom mesmo seria se os deuses do trânsito permitissem uma volta ao aconchego do lar rápida e tranqüila.Isso aconteceria se durante a metade do trajeto o pacato motorista não viesse com esse papo;
-Eu vi você ali ralando na fisioterapia.É isso aí.Não pode dar mole não.
-Sim,mas a fisioterapia cansa muito.
-Eu sou professor de Educação Física,sei como é.
Mais uma viagem tranqüila.O corpo cansado não impede uma boa conversa.O que não aconteceu.
-Maneira a sua recuperação.Eu vi que você fica em pé.Tu vai ao cinema ,tu sai numa boa?
-Estou retomando ,voltando aos poucos.
A conversa estava ficando chata.Alessandro apenas observava.No momento em que os deuses do trânsito se revoltaram o taxista me indaga.Com a rapidez com a qual o táxi deveria ter:
-Mas e aí,o amiguinho aí embaixo ainda funciona bem?

Eu respondi no susto:
-As duas cabeças funcionam muito bem.
O Alessandro explodiu numa gargalhada,Eu encarei aquilo como um sinal.
-Aí ,Alessandro .O Flamengo joga hoje que horas?
Durante alguns minutos o papo sobre futebol vingou e o maníaco do táxi colaborou ficando quieto,o trânsito não.Estava cada vez mais lento.
-Vocês estão indo para o Jardim Botânico.É verdade que tem uma casa de swing lá?
-Não seii,cara.Tem termas .
-Você já foi lá?

Eu assenti com a cabeça,já nervoso.

-Mas tu já foi à casa de swing?

-Não fui...Não pratico esportes radicais.
Um silêncio perturbador preencheu o táxi.
-Cara,eu me lembrei que eu preciso comprar uma parada.É só deixar a gente na Gávea.-Eu temi pelas palavras que poderiam ser ditas a seguir.
-Tá beleza!
O taxista parecia chateado e ajudou no desembarque sem manifestar raiva,ou,graças ao meu Santo Padroeiro,tentar um movimento brusco quando me ajudou a subir na rua.
-Valeu, garotada .Força aí.Quero te ver forte.
Após o táxi se perder no trânsito,Alessandro já estava gargalhando,novamente.
-André,conquistando corações...
-Vamos esperar para outro táxi...
-Ficou com medo,cara?
-Não.é só o tempo dele chegar na casa de swingue.
Dessa vez o riso compartilhado chamou a atenção dos transeuntes do Baixo Gávea.

2 comentários:

  1. "...o taxista me indaga. Com a rapidez com a qual o táxi deveria ter"

    Um brinde à acidez!

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  2. Andréééééé, eu simplesmente amei esse texto!
    Você não imagina as minhas gargalhadas imanginado sua cara dentro do táxi!
    Parabéns pelo blog! Sou sua fã!!
    Beijos

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