quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Poema- O tempo não considera boas intenções

O tempo não considera boas intenções

Não chame de azar o impulso sincero a rondar
O teu momento.Se é justo ou não,o motivo da tristeza
a quem acolheu o instante da perda como o aleitamento
nas redondezas do teu flagelo.Será eterno o teu reclame
se aceitares o sofrimento com culpa e se acanhares ao evitar
risos açoitando pena em você.Lembre-se que se pregares
a culpa feito um martelo diário,o crediário rancoroso aumenta.
Bote nessa dispensa uma taxa mínima. Uma brisa de riscos
ao alcance do gozo. Senão, o passo intima ao corpo a brasa
de uma censura . A tua felicidade assina com o acaso
implorando migalhas de prazer.Das tralhas traga a sina
inevitável ,pois ela será sempre minha e tua...
As idades passam , o tempo não compactua atrasos
sucessivos.Assim , os esforços empenhado nas ações
serão segundos seguidos pela cobrança contínua.
Isso ,definha o alimento rico, o tesouro nascido do gérmen
cujo fio valente nos mantém.Dê sustento ao estouro do ouro
alimentado pelas lágrimas. Quando tudo apela gelo, o vento
espera espalhar sonho adormecido. São preocupantes as idas
E vindas , a alegria se deformar em desespero .Dessa guerra
você anuncia haver partido a esperança ,engessará o zelo próprio.
O tempo não considera boas intenções. Então lhe direi o óbvio;
Respeito o teu sofrimento. A razão para reclamar é infinita
tudo complica quando o principal é transformar-se por dentro.


RIO, 24 DE AGOSTO DE 2011.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Poema- O seu mundo hábil para o riso


O seu mundo hábil para o riso

Quem sabe ontem a palavra dada
Em nossa conversa fosse escudo.
Desculpas de quem atravessa a
Timidez trilhada em dúvidas fáceis.
Uma notícia desse seu mundo
Hábil para o riso .Pois, ontem você
Me fez sentir preguiça do obscuro .
Hoje deixo que a saudade e a dúvida
Se confrontem . Há a embriaguez de
Tanta vida e me comanda o assunto
Da pétala , essa justiça bela e tardia
Preenchida com sua sensibilidade.
Agora , a vontade desperta , o sol impõe
à minha janela uma premissa de glória.
Sendo o dia de sol ou de chuva o meu
Corpo só considera a vontade que premia
A chance clara de vitória.

RIO , 19 DE AGOSTO DE 2011.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Crônica - A bactéria

 Quem cala nem sempre consente. Aquela pessoa capaz de pensar bem e planejar os seus passos , age com mais consistência. Eu tenho uma natureza reativa , muitas vezes condicionada ao exagero.Fazer uso dessa força foi valioso para suportar a carga de exercícios exigida pela fisioterapia. Sem me dar conta , eu adquiri um rigor excessivo , bom para a reabilitação e péssimo para o resto.

 Hoje eu sei que grande parte da minha vontade em me recuperar veio da gratuidade do fato que ocasionou a minha lesão.A partir de uma operação de apendicite mal feita,além de uma inteiração medicamentosa provocada por um antidepressivo que tomava e um remédio pós operatório, a minha imunidade baixou radicalmente. Eu fui a vítima ideal para uma bactéria danosa fazer a festa com o meu organismo. Em menos de duas semanas após a operação de apendicite o meu corpo já não se movia e a minha voz foi para o espaço. A chance de tais incidentes se alinharem ocorre entre 1 a cada 100.000 pessoas, conforme o neurologista que me assisti revelou.

 Uma vez iniciado o processo de fisioterapia, eu incorporei todo o ódio acumulado diante da situação e me lancei em busca do meu objetivo; voltar a andar. Se a finalidade é válida , a maneira encontrada para demonstrar isso, não. A raiva foi importante para sedimentar a carga de exercícios com a qual eu precisava ser submetido.Bastava acabar a sessão de fisioterapia e havia a mistura de sentimentos negativos sobre mim. Eu me sentia acometido por uma injustiça, aprisionado pela falta de rotina do momento devido à minha movimentação precária e começei a alimentar uma bactéria pior da que permitiu a lesão neurológica se fez instalar em mim; o rancor pela vida.

 Essa bactéria começou a me incomodar , pertubava o meu sono e não permitia enxergar em um espaço de 24 horas muitas possibilidades de celebrar o que fosse. A família , namoricos e visitas não travaram o avanço do meu problema com o mundo, pois eu fui um imã para o pessimismo .Durante muito tempo o sorriso deu lugar à expressão séria, com o olhar fixo a cuspir ódio e a testa franzida. É o traquejo mais óbvio das pessoas descontentes com o mundo . Eu acatei esse comportamento sem ter noção das consequências de tal prática.

 Hoje , consigo progressos na fisioterapia.  A bactéria danosa está sendo combatida , eu preciso me atentar à outra bactéria. Eu com certeza a alimentei com o vírus insano de algumas atitudes desmedidas. Isso sempre existiu em em mim e deve ser atacado com anticorpos capazes de me alimentarem naturalmente.A começar pelo compromisso em substituir a vocação ao radicalismo, buscar o riso e tentar inspirar poesia de ares poluídos pela ira.

 Buscar o caminho do centro e da ponderação talvez seja mais difícil do que andar para mim. No entanto , são dois objetivos nobres, merecedores de uma  maneira de atuação que saiba equilibrar o rigor quando ele for exigido e a beleza que se tratando de matéria de vida, nenhuma bactéria de você se agoniza.

 Um abraço PARATODOS,

 André Nóbrega.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Crônica- Ansiedade inválida

 Além do direito de voltar a andar nas ruas com andador e cadeira de rodas , poder sair um pouco mais de casa ,  conquistar uma relativa independência , ainda falta muita coisa.

 Quando se amplia um universo pequeno , o instinto de expandir a sua visão e reação das coisas do mundo é um impulso natural .Principalmente , quando o seu mundo recente se aproxima das sensações com as quais você sempre presenciou de forma natural. Andar ,por exemplo. A minha lesão permite uma evolução nesse sentido, por ser tratar de uma agressão sofrida pelo cortéx cerebral , uma especíe de maestro do corpo humano .Através do cortéx cerebral algumas funções vitais do organismo , tais como as ligadas ao movimento e a  fala, são reguladas. O meu 'maestro' vem sendo estimulado desde junho de 2009 à custa de acompanhamento fonoaudiológo , muita fisioterapia e uma reeducação diária minha. No meu caso, a capacidade motora e da fala do corpo permite essa evolução, cabe a mim estimular isso. Se por estou trilhando um bom caminho na reabilitação , me adequar com segurança à passagem do pequeno mundo em que vivi às possibilidades que despontam firmes, ainda falta muita coisa.

 Falta me conscientizar dos limites da minha condição atual . O que posso realizar atualmente sabendo que não tenho a fragilidade de dois anos atrás , nem a consistência ao andar de quando tinha 25 anos . Talvez, faltem certezas relativas ao quanto eu posso evoluir. Em relação ao controle da permanente ansiedade, ainda falta muita coisa.

 Não me nego a cumprir rotinas , estou voltando a trabalhar e encontrar as pessoas. A reeducação inclui identicar os fatores e as causas mais tortuosas a lhe acompanharem. Eu controlo a ansiedade contrapondo uma análise dos fatos e uma ação de vivacidade imediata. Somos seres pensantes e interessantes porque podemos ocupar muitos lugares e papéis distintos. Em matéria de reconhecimento ao aprendizado permitido a partir da minha lesão , ainda falta muita coisa . E ter a consciência desse processo me preenche de alegrias.

Eu sigo na luta , ansioso e perseverante.

Um abraço PARATODOS!!

André Nóbrega.