quarta-feira, 30 de março de 2011

Poema-Porta dourada

Porta dourada


A sua mão me foge porque prediz luto.
Súbito o consolo emerge do adeus
Nos lampejos ilógicos que eu odeio admitir
O óbvio escolheu o desabafo mudo
Do mais temeroso mártir.
Ter-lhe célebre,teria certa uma porta dourada
De cela trancada decerto era de se presumir
Com respaldos confessos a pressa aterrar
O sonho vingado por uma memória insaciada.

RIO,18 DE NOVEMBRO DE 2010.

terça-feira, 29 de março de 2011

A minha primeira vez após a lesão!

Sexo envolve tabu.Essa ligação se modifica,transfigura e acontece na proporção de todos nós .Quero dizer, o assunto é espinhoso.Para um cadeirante , a sexualidade passa pela redefinição do corpo e da identidade.Eu tive a minha lesão com trinta anos,numa idade em que se pressupõe uma quilometragem extensa por parte dos homens.Eu não a tinha,não a tenho.Por motivos,complexos,cagaços mil...
  O período logo após a lesão decepciona mesmo quem quer estar junto a você, lhe abraçar. As pessoas tentam lhe animar carregando afagos, mas quando as visitas se despedem e a noite cai você hospeda o filme de um passado recente ,com vigor .Dormir é muito complicado.
 Eu organizei alguns jantares em casa,menos oficiosos e mais íntimos.Nessa época o contato com a rua era feito apenas para fazer fisioterapia.Uma amiga veio a dois desses jantares e a energia dela trazia um toque de Sherazade ,dos momentos aos quais eu completava as histórias divertidas dela esquecendo a minha imobilidade.Mesmo com o conforto,segurança eu fugia do mundo e acolhi a  cadeira de rodas como sendo a minha melhor amiga.Ao final de um dos jantares,minha amiga disse :
-Faço questão de retribuir a gentileza.Na próxima o jantar é lá em casa.-Eu sorri,confundindo o convite com caridade.
No dia marcado eu estava lá,o prédio era excelente em termos de acessibilidade.Estava nervoso ,mas não com o jantar .Era uma fatalidade, como se  eu estivesse ali para provar que era invisível.Apenas dar um passeio condicionado pela vergonha dos olhares a mim dirigidos.Baixa auto estima e castração desapareceram quando vi o sorriso encantador dela e um vestido simples,mas fixado em minha memória para se tornar inesquecível.
 O jantar começou arraigado por formalidades,eu não me permitia relaxar.A coordenação motora falha não me deixava beber,pegar talhares. A minha amiga me ajudou,trazendo o resto da lasanha congelada na minha boca.Rimos.
 A descontração se prolongou ao ponto de sacanearmos os programas de TV,eu relembrar o meu talento para fazê-la rir.Olhá-la rir me fortalecia.Ela enrubesceu e os  movimentos seguintes ativaram carícias,prolongaram até uma interrupção.
-Eu preciso ligar para casa,avisar a minha mãe.
-Você pode dormir aqui.
  A adaptação ao sexo limita as posições,mas não inibe descobertas.O meu olhar,tato incidiram caminhos pródigos.Não havia poesia,nem a necessidade da performance apimentada,rica e gozosa .Houve acima de tudo, vida.
No dia seguinte ,já no táxi a caminho de casa percebi o quanto me tolhi de prazeres em trinta dos meus comportados anos.Eu cravava os destinos amorosos na insegurança como um castigo.Agora eu queria aproveitar muito mais,me recusando a sair da condição de figurante e fortalecido para prosseguir

segunda-feira, 28 de março de 2011

Poema-Umbigo

Umbigo

Umbigo
Artigo de luxo e indefinido.
Vem como um fumo ruim
Sem companhia.Vem
Com o costume da alegria
Sendo o sentimento sem fim.
Se quiseres calma unânime
Fique colhendo vaidades
ignore as tsunamis que irradiam
ação,desespero  e medo.
Pois ,cedo sua memória ministra
Outro desastre.Com brilho na TV
E alto contraste, o seu problema
É o que predomina.Com base
Na sua vida á mercê do degradante
O bidê de marfim não separa cheiro.
No máximo ,eleva aos bueiros à matéria
Ruim da sua consciência sem zelo.
-Primeiro o meu.Já entendi.
 Aja sem erros para o mundo
A névoa não perdura para os cegos.
Absurdo é considerar o outro
Quando a base de tudo fixa-se no ego.
RIO,28 DE MARÇO DE 2011.
 

domingo, 27 de março de 2011

Poema~Jogo do certo ou errado

Jogo do certo e do errado

Está errada a cara de anjo
Em carnes cujo arranjo
Depõem marcadas
Na entrega um vôo
Sem brilho,sujo.
Está errado o filho
Revoltado.Pois o trilho
Quando é deslocado
Joga aos pais anzóis
Para o desespero.
Está errado quem concilia
Dor para ocupar desapego.
Quem vangloria a própria cor
E paga cedo á família
A glória medida em cotas
Mesquinhas.
Está errado quem comporta
Uma verdade tida como certa
e não conserta o que há de
concreto por medo do incerto.
Mas sejamos honestos...
Há cupins roendo os objetos
Mosquitos espalhando
Febre,contendo o grito
A quem não percebe
Que o errado busca
Alvejar o fio da sanidade.
Tudo é questão de qual lado
Invade a ilusão em busca
Do real e aponta os desvios
Para uma questão de certo
Ou errado.

RIO,27 DE MARÇO DE 2011.

sábado, 26 de março de 2011

QUANDO O CADEIRANTE É O AGRESSOR!!

  Assim como não aconselho ao cadeirante vestir a carapuça de vítima, tornar-se detentor de  uma postura exageradamente agressiva pode ser uma faca de dois gumes. A intolerância está disseminada , o portador de deficiência uma adquirida tem motivos para resignar-se e promover reações notórias e que vão resultar em melhorias efetivas . O PROJETO PRAIA PARA TODOS , que tem como mote principal proporcionar o reencontro dos cadeirantes e portatodores de outras deficiências com o mar prova isso. O exemplo dado pelo pessoal ilustra a ação eficiente e mobilizadora que multiplica a esperança, esse gérmen precioso de ações transformadoras. Eu apóío totalmente a iniciativa, ao mesmo tempo que reconheço faltar em mim o equilíbrio para prosseguir o meu caminho
.
  É bom enfatizar que nem todo cadeirante é destinado  a realizar grandes feitos. O exercício cotidiano nos obriga a superações, mesmo com a cultura da acessibilidadade sendo aos poucos alimentada. A garra para encarar o dia a dia transita com a raiva de viver em um mundo que precisa ser adaptado .Essa linha tênue entre a disposição para encarar o viver mais dificultado e a indignação para interagimos exige uma faxina para não perdemos o tom.  Estamos fragilizados, portanto agir com prudência passa a ser essencial.

 Há diversas maneiras de descontarmos nossa raiva Praticando esportes, escrevendo, despejando raiva e entrega numa relação amorosa. Eu noto nos cadeirantes um sentimento de injustiça se abater logo após o trauma.  Aconteceu comigo e com algumas outras pessoas que conheci. A indagação se faz faz necessária, principalmente quando as inciativas de ajuda não atingem o objetivo principal:VOLTAR A ANDAR.

 A revolta é justificável , mas até certo ponto. A explosão de alguém que se julga ser acometido de uma injustiça vem para castrar sorrisos, congelar abraços .O cadeirante tem tantos motivos para rebelar-se de uma forma suicida, quanto o de ganhar fôlego para nadar, convicto das marés tenebrosas , principalmente as de dentro de si. Não use a cadeira como escudo para os seus recalques, medos e limitações. Agir como um  franco atirador baseado num sentimento carregado de auto piedade asfixia você e a quem estiver perto. E só revela covardia, além de pedir novos  pretextos para se culpar.

 Estando em uma condição especial,as tentações de ceder à raiva só piorarão a invalidez individual.

Por isso,  eu tentarei um equilíbrio ,mesmo sendo temperamental  e raivoso.Caso contrário eu adaptarei,  cantando para mim mesmo aquela canção do comercial do molho Pomarola. A do elefantinho verde:

Um cadeirante mala incomoda muita gente,
dois cadeirantes malas incomodam muito mais,
três cadeirantes malas incomodam,incomodam,incomodam
muito mais.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Depene qualquer tipo de pena!!

Se você é cadeirante,o olhar das pessoas é influenciado por um magnetismo.Esse magnetismo atrai tanto um olhar de pena das pessoas,quanto o olhar e a ação solidária das pessoas em situações inesperadas.Ao andar nas ruas o cadeirante não se depara ''apenas'' com condições precárias de locomoção,mas também a de cair na armadilha da invisibilidade. Seria ,tomando as palavras de Vinícius de Moraes na letra de'' A  Marcha da Quarta Feira de Cinzas ,como se nós andássemos por ''uma gente que nem se vê".com o o diferencial que o cadeirante não quer ser visto.
 Sentir pena de si mesmo qualquer pessoa já sentiu ou sentirá. O momento pós lesão é traumático pois o cadeirante está tomado pela raiva,medos e tristezas,  num mundo onde tudo remete ao movimento.Você se encontra imobilizado, principalmente pelas perspectivas futuras.
 O período de adaptação sugere reformas e reparos em casa.Isso é essencial. Eu sugiro ao cadeirante uma reinvenção.É muito mais tortuoso, mas posso asssegurar que, estando em vias desse processo, é recompensador. Não se trata de receita de bolo, nem  de se alimentar de utopias.
 As pessoas debocham de quem tem um penteado diferente e a cadeira de rodas chama a atenção, mas quem se encontra nela pode conversar e se descontrair também.E um(a) cadeirante bem humurado(a) tende a causar espanto porque muitos pensam que  estamos embalados sob o signo da melancolia eterna.O bom é que com isso podemos sempre surpreender com muito mais eficiência.
 O cadeirante não precisa(nem pode) fazer stand up comedy, mas deve prosseguir sabendo que a vida realmente ficou muito,mas muito mais difícil.No entanto, nada nos obriga a fechar a cara, sermos coitadinhos ou invisíveis.

Um abraço a todos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Homenagem a um grande ator

Assim que eu comecei a fazer fisioterapia,havia um senhor que me despertava um reconhecimento.Não pela situação de nossas mazelas,estávamos numa clínica de recuperação neurolológica.Havia muitos pesares ,expectativas compartilhadas.O que me despertou a atenção foi o enfraquecimento de um ator famoso,a palidez da face ainda célebre para todos na clínica de reabilitação.

O resultado está aqui...

Chama pelo riso

  Diziam ser um homem conhecido,majestoso no ato da transformação.Seu papel atual não traduz vigor.O olhar hipnotizado pelo marasmo,o corpo ancorado demonstra o tempo em repouso.O local onde o encontro é um oásis circundado por sombras áridas.Nessa atmosfera conflitante meu personagem se destaca. Nomeá-lo talvez seja perigoso.A situação em que se encontra pode ser a que muitos chamam de ponto final.
    Esse cara me fortalece,a luta sã se esquiva diante dos seus gritos.Rememorar o passado sucumbe á lógica da movimentação lenta com a qual o seu corpo enfraquecido se esquiva.O silêncio a ele imposto troveja relâmpagos de lucidez ao ambiente.Impossível conter o choro a quem sabiamente nos conduziu ao riso.
   Ainda há suor,o esforço dele não produz cansaço,tampouco lágrimas.Chega-se ao limiar da ação sem nexo e da exposição da qual o valoroso homem esmorece ,sem notar que seu viver é fundamental.É um exemplo que fere qualquer livre arbítrio.Esse conflito reduz a espécie humana a migalhas.
 Firmada a incerteza da volta é fundamental acolher esse princípio de força.Por que no anúncio da partida se aceita o luto tão facilmente?O homem que vejo adormecido reconhece a vida pelo nosso afeto.É cordial,sutil e gargalha com a possibilidade  de transcender ,a qualidade rara dos gênios .
  No vínculo com a eternidade o intervalo divino é sábio.Repartir o silêncio com um verdadeiro artista da alma é privilégio para poucos, pois condiciona uma vocação primária em reconhecer nossa validade.Milagre que multiplica nossa capacidade de sorrir e não freia nossa valia diante do improvável.
 Eu reconheço a jovialidade nos gestos estáticos de um humorista nato.A tragédia tem milhares de atos ,no entanto bastam alguns segundos diante desse homem de idade definida e alcance incomensurável para entender a aparente falta de lógica do destino.Pois estáticos nunca estaremos ,quem conta é um mito que diante dos seus males,me encanta.

ANDRÉ NÓBREGA

Poema Outras estadas

Outras estadas


Espera-se de uma miragem,ardor.
Toda cor recitada no ato que abrace
Melhor a lembrança.
As histórias dos feitos interagem
Querendo outras estadas.
Fatos apenas demarcam
Silêncio.O prazer mais atento
Encontra-se no não vivido.
Uma estrada onde se confia
uma senha para as possibilidades.
O saber de sonhar empenha
na centelha ora céu,ora cria
 mais devaneio no concreto.
Aquele sentir dos espelhos..
Com freios ,mas sem gramática
É o objeto de argüir do papel
as virtudes clássicas captadas.
Reinventar-se é estar perto
Dos aspectos reais
sem os quais a asa não voa.
A visão do incompleto gravita
Nas causas mais fúteis.
A perfeição agrada,não ecoa
a íntima fúria necessária.
Imprimindo regras e prazos
Aos sonhos,as entregas
Dos sentidos terão o valor
Comprado por censuras sem data
Ou diárias camufladas no esforço.
O esboço medíocre das verdades
 Aptas a entender.Os limites
São marchas trôpegas em vias
cada vez mais arbitrárias.

RIO,06 DE MARÇO DE 2011.
 

O taxista swingueiro

  Eu contarei um fato isolado mencionando uma classe de trabalhadores a quem sou muito gratopela gentileza e sem a qual a disponibilidade eu não transitaria pelo ruas do Rio de Janeiro .Eis aqui a história do taxista swingueiro .
  Durante um ano eu fiz fisioterapia cuja locomoção era sempre feita via táxi.Da Barra até o Jardim Botânico.Eu não podia andar sozinho,estando em recuperação e a fisioterapia era exaustiva.Eu voltava dormindo quando retornava a minha casa.Foi necessária a assistência de um acompanhante,chamado Alessandro.Um cara jovem,também rubro negro e com o humor bem parecido com o meu.
  Pois bem,para realizar o mesmo trajeto,durante os mesmos dias da semana e batendo no mesmo horário,usar uma cooperativa de táxi era fundamental.Em mais um dia de ralação,ao final da sessão de fisioterapia e com o joelho extirpado de dor,surge o taxista.Ele já estava pronto para eu e o acompanhante embarcarmos.O cara era forte,da maromba e chegou cheio de moral:
-Quer ajuda aí,chefe?Eu aceitei a ajuda,mas pensei que bom mesmo seria se os deuses do trânsito permitissem uma volta ao aconchego do lar rápida e tranqüila.Isso aconteceria se durante a metade do trajeto o pacato motorista não viesse com esse papo;
-Eu vi você ali ralando na fisioterapia.É isso aí.Não pode dar mole não.
-Sim,mas a fisioterapia cansa muito.
-Eu sou professor de Educação Física,sei como é.
Mais uma viagem tranqüila.O corpo cansado não impede uma boa conversa.O que não aconteceu.
-Maneira a sua recuperação.Eu vi que você fica em pé.Tu vai ao cinema ,tu sai numa boa?
-Estou retomando ,voltando aos poucos.
A conversa estava ficando chata.Alessandro apenas observava.No momento em que os deuses do trânsito se revoltaram o taxista me indaga.Com a rapidez com a qual o táxi deveria ter:
-Mas e aí,o amiguinho aí embaixo ainda funciona bem?

Eu respondi no susto:
-As duas cabeças funcionam muito bem.
O Alessandro explodiu numa gargalhada,Eu encarei aquilo como um sinal.
-Aí ,Alessandro .O Flamengo joga hoje que horas?
Durante alguns minutos o papo sobre futebol vingou e o maníaco do táxi colaborou ficando quieto,o trânsito não.Estava cada vez mais lento.
-Vocês estão indo para o Jardim Botânico.É verdade que tem uma casa de swing lá?
-Não seii,cara.Tem termas .
-Você já foi lá?

Eu assenti com a cabeça,já nervoso.

-Mas tu já foi à casa de swing?

-Não fui...Não pratico esportes radicais.
Um silêncio perturbador preencheu o táxi.
-Cara,eu me lembrei que eu preciso comprar uma parada.É só deixar a gente na Gávea.-Eu temi pelas palavras que poderiam ser ditas a seguir.
-Tá beleza!
O taxista parecia chateado e ajudou no desembarque sem manifestar raiva,ou,graças ao meu Santo Padroeiro,tentar um movimento brusco quando me ajudou a subir na rua.
-Valeu, garotada .Força aí.Quero te ver forte.
Após o táxi se perder no trânsito,Alessandro já estava gargalhando,novamente.
-André,conquistando corações...
-Vamos esperar para outro táxi...
-Ficou com medo,cara?
-Não.é só o tempo dele chegar na casa de swingue.
Dessa vez o riso compartilhado chamou a atenção dos transeuntes do Baixo Gávea.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Poema -Orquidário de cactos

Orquidário de cactos


Chore suas lástimas.mas baixo
Pois essa etapa pobre lhe rega
 um orquidário de cactos.
Brigue pelos espaços ,salário
E a consagração externa.
Se o tema diário são espelhos
Ou doação de esperma,seus atos
São psicanálise de bar misturada
Com pentelhos. 
Combine o ar com desacertos invisíveis.
Uma história dada a sempre ganhar.
Divide o enterro da dúvida .Isso muda
O jeito de jogar.Muda o tempero  
da crise mais certa ao leito da ajuda.
Não confunda paz,nem guerra
Quando se espera dos anos
Uma sombra encostada
E sóbria na imobilidade óbvia
Na ousadia incapaz.
Se tem um fruto,não furte manias
Em pazes com a pressa.
A ousadia imune á vias
Impulsivas,o engessa.
Presa ao pescoço
É a apatia dividida
sem esforço aos seus
mínimos passos.
Quem irradia abismos
Com o que perdeu
Enterra o próprio gozo.
No íntimo em partes totais
Somos tolos ao não nos
Lançarmos.
No princípio do seu ideal
somos todos encaixe
na felicidade torta
que só conforta
se nos amarmos.

RIO,23 DE MARÇO DE 2011.

Dicas para um cadeirante se dar bem em um cruzeiro marítimo!

    Eu sei o que você está pensando.A cadeira de rodas pode ter muitas utilidades.Tais como:portar copos ,bandejas enquanto outras pessoas se divertem em um cruzeiro.A cadeira de rodas poderia auxiliar num jogo de cartas,pois a mesma bandeja,se for colocada em cima da cadeira como garagem de drinques,transportaria cartas .Numa boa.
    A minha intenção não é essa.Nem busco aqui propagandear esse ou aquele cruzeiro,embora haja grande variedade de copos,tamanhos e corpos nesse segmento,atualmente.Vou relatar aqui os procedimentos para um cadeirante aproveitar a brisa marítima com tanta partilha de gente disposta a se divertir .
    Existem sim cabines adaptadas para cadeirantes para esse tipo de viagem.Eu fiquei admirado com a estrutura do banheiro,que segue um padrão internacional,com alto grau de segurança.
    Mas vamos ao que interessa.Se você é um jovem cadeirante,as pessoas tendem a olhar para você com pena.Num cruzeiro ,isso se multiplica.Meu conselho é;use isso a seu favor.O olhar lançado pode ser respondido de diversas formas.
   Num cruzeiro o melhor lugar para um cadeirante paquerar é perto dos elevadores.Sempre haverá uma alma abnegada disposta a lhe ajudar .Caberá a você selecionar ,mas é bom manter o espírito gentil e espirituoso.Se o papinho colar,você pede a dama para ajudar você a achar a cabine.Vale lembrar que as numerações dos navios são esquisitas e o cadeirante também se confunde.Com as cabines e as muchachas.
  Estabeleça um vínculo com esta pessoa,marque um encontro e procure saber a cabine dela.Em caso de naufrágio,repita a tática do elevador ,mas em outro andar e em um horário diferente.Matador de aluguel não pega bem em lugar nenhum e persista marujo,a sua princesa vai aparecer.

  A maior limitação talvez provenha do próprio cadeirante,eu me trancafiei nos dois primeiros dias de viagem.Tudo na imensidão daquele cruzeiro me remetia à vida e eu me excluìa desse ''processo'' por não conseguir acompanhar aquele  frenesi.Demorou até eu me dar conta de que não estava  a bordo do TITANIC.Aos poucos comecei a observar,a interagir com as pessoas.Só demorou até eu ter descoberto a tática do elevador,mas cada um se entretém como lhe convém à alma.

Fica aqui a dica.

Um abraço a todos,

André Nóbrega.