sexta-feira, 25 de março de 2011

Depene qualquer tipo de pena!!

Se você é cadeirante,o olhar das pessoas é influenciado por um magnetismo.Esse magnetismo atrai tanto um olhar de pena das pessoas,quanto o olhar e a ação solidária das pessoas em situações inesperadas.Ao andar nas ruas o cadeirante não se depara ''apenas'' com condições precárias de locomoção,mas também a de cair na armadilha da invisibilidade. Seria ,tomando as palavras de Vinícius de Moraes na letra de'' A  Marcha da Quarta Feira de Cinzas ,como se nós andássemos por ''uma gente que nem se vê".com o o diferencial que o cadeirante não quer ser visto.
 Sentir pena de si mesmo qualquer pessoa já sentiu ou sentirá. O momento pós lesão é traumático pois o cadeirante está tomado pela raiva,medos e tristezas,  num mundo onde tudo remete ao movimento.Você se encontra imobilizado, principalmente pelas perspectivas futuras.
 O período de adaptação sugere reformas e reparos em casa.Isso é essencial. Eu sugiro ao cadeirante uma reinvenção.É muito mais tortuoso, mas posso asssegurar que, estando em vias desse processo, é recompensador. Não se trata de receita de bolo, nem  de se alimentar de utopias.
 As pessoas debocham de quem tem um penteado diferente e a cadeira de rodas chama a atenção, mas quem se encontra nela pode conversar e se descontrair também.E um(a) cadeirante bem humurado(a) tende a causar espanto porque muitos pensam que  estamos embalados sob o signo da melancolia eterna.O bom é que com isso podemos sempre surpreender com muito mais eficiência.
 O cadeirante não precisa(nem pode) fazer stand up comedy, mas deve prosseguir sabendo que a vida realmente ficou muito,mas muito mais difícil.No entanto, nada nos obriga a fechar a cara, sermos coitadinhos ou invisíveis.

Um abraço a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário