terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Poema : O meu lixo.

O meu lixo
Para Dani Barros e Estamira.

O meu lixo reciclado é belo.Ele fede a cheiros
Preservados de um universo fixo, interno.
O meu lixo é ótimo para intimar entranhas
alheias, ceias .Até para lustre de cenas solitárias
o meu lixo é pagão quando se asseia, vira Cristo
quando desarruma o bordão das paredes arrumadas
da minha casa. Do meu lixo não exijo razão.Dele
presume-se apenas uma inocência doida,hidratada
com uma esponja líquida de jorros. Uma ardência
anti-caprichos esquiva, delira desses escombros sóbrios.
Porque o meu lixo se assina com tombos em que mantive
Fendas de incoerência feito oferendas conscientes.
Estou omisso a qualquer política higiênica.Seguro dos mil
Anseios presentes sigo querendo a inquietude como colheita.
Eu invisto no meu lixo.Desisto da vida certa tão cega
Baseada em uma cartilha acadêmica de partilha histérica .
Eu assisto a muitas calçadas nobres feitas sob a conduta
Anêmica  de uma vida bem preservada. Entre limpar e luzir
o meu lixo é teimoso em conduzir a normalidade descabelada.

RIO, 27 DE DEZEMBRO DE 2011.

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