domingo, 24 de julho de 2011

Crônica- A alegria em manifesto

  A reação de pessoas em um ambiente fechado é acolhedora, por dirigir a nossa energia e bem estar a quem escolhermos sem grande interferência externa. Na crônica anterior eu me referi ao desconforto por mim sentido nas festas nas quais eu encontrei pessoas próximas e conscientes da minha condição de deficiência adquirida .Pessoas próximas que não tinham me visto numa cadeira de rodas, ainda.Mencionei também a falta de habilidade pessoal em lidar com tais situações. Eu soube ontem a respeito de uma manifestação da classe cinematográfica do Rio de Janeiro contra o veto imposto ao filme sérvio ''Serbian film''. O absurdo da ação de censura como foi colocada ao filme citado reuniu mais de 50 pessoas num sábado de inverno .Isso foi realizado no cinema Odeon, no dia 23 de julho de 2011.Entre as pessoas presentes eu estava lá para me sintonizar e interagir com alguns amigos envolvidos na questão. Era vital sentir a energia boa da galera do cinema, ser visto por quem enxerga o mundo de uma maneira bem original.

  Pouco a pouco ,a calçada em frente ao Odeon foi enchendo de gente .As pessoas foram se aproximando e participando do propósito da ação. Eu não estava inteirado sobre o assunto, os argumentos colocados tornavam óbvios a insensatez da censura covarde , imposta a um filme censurado em meio a realização de um festival em andamento. Eu ouvia a tudo interessado, sendo absorvido pelo ideal mais renovador com o qual me deparei a partir da lesão por mim sofrida; o de poder reagir de maneira enérgica e estudada diante de uma  adversidade.

  Estavam todos ali numa noite de sábado à noite.Estavam ali cientes da ação danosa promovida ao filme e da repercussão que tal atitude poderia causar ao se abrir esse precedente vergonhoso.Eu sabia um pouco sobre a censura, passei a saber um pouco mais. As pessoas que encontrei me chamaram para o bar ao lado. Eu fui e confesso a alegria em poder testemunhar as colocações de pessoas articuladas, intensas e capazes de transformarem a noite de inverno em uma arena acolhedora, preocupada com a grave situação deflagrada e pensando em conjunto para o ato de reação. Foi muito bom presenciar aquela conflagração de pensamentos vivos e circulantes, dando ao protesto a condição propícia para se fomentar experiências. O cinema obriga você a se socializar , é um dos baratos da arte coletiva.Falei pouco e desde cedo tomei para a minha antena o poder de condensar o máximo de observações possíveis.Mas era uma mesa de bar,mesmo assim ,o tom informal não atrapalhou o caráter pontual dos propósitos da ação.

 Eu saí fortalecido pela alegria pacífica e atuante,enérgica e bem humorada da noite. Devo ter sido alvo de alguns olhares de pena, mas eles estiveram imunizados pela corrente das pessoas a quem não via há muito tempo.Professores e amigos , papos super agradáveis e ações gentis de novos amigos fizeram da noite de inverno o manifesto sincero da prática gentil.

 O pleito é justo e não desviarei das possibilidades de reação solidária .Mas depois de ontem à noite, eu voltei para minha casa refeito com o poder encontrado nas ações em grupo bem organizadas.

 Um abraço PARATODOS!

 André Nóbrega. 

2 comentários:

  1. apesar do motivo terrivel que nos reuniu lá, gostei demais de conhecer voce! que venham noites mais felizes

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  2. Adorei conhecê-la também, Carol.

    Agradeço a sua visita ao blog.

    Quem diria que o DEM nos convocaria a uma causa do bem??

    Um beijão e uma boa semana.

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