domingo, 19 de junho de 2011

Crônica-Presentes de Chico.

  O compositor e escritor Chico Buarque completa 67 anos hoje.As homenagens e louvações serão  bem vindas, sim senhor!!Seja através de assobio, serenata ou menção a sua poesia, nesse domingo junino estaremos de alguma forma todos de Chico.

  Agradeço ao meu pai pela interlocução junta à obra desse ícone da MPB. Eu me recordo bem do dia.A data já era solene; era véspera de Natal. Navegámos pelo ano de 1996,  naquela hora em que ninguém, além daquela ansiedade comum à data, se fazia anunciar. Eu era um garoto imberbe, començando a brincar com as palavras, fazendo versos sofríveis e achando o mundo um quintal para práticas melancólicas.Um adolescente bobo, começando a ficar com fome e entediado.Meu pai interrompeu o fastio colocando um CD.

  -Preste atenção nisso!-Eu concordei já esperando pelos acordes de ''Noite Feliz'.Eis que o piano de Cristovão Bastos vai ganhando a sala, preparando para a voz de João Nogueira chacoalhar tudo que remetia ao marasmo , aos lugares comuns contidos nas antevésperas de festividades e à minha chatice juvenil.O álbum era destinado à obra de Chico Buarque. Um nome muitas vezes citado , não devidamente presenciado como passou a ser a partir daquele dia.

  Ouvindo clássicos como ''Noite dos Mascarados'',''A Rita'',''Samba e amor'', o meu pai começou a querer explicar as letras do Chico, embora , se tratando da fineza e simplicidade evidenciadas nas canções, isso não fosse tão necessário.  

  O percurso musical estava redefinido. O citado álbum possuía uma pegada de samba, em virtude da inconfundível vocação do saudoso mestre João Nogueira.Eu me predispûs a pesquisar tal tesouro , aquela via de poesia flagrante, palpável e vergonhosamente desconhecida pelo aficcionado por Renato Russo, o meu ídolo rockeiro que havia morrido fazia pouco tempo.Eu estava orfão de ídolos e carente de poesia cantada. Acolher aquela valiosa dica do meu pai visando conectivos poéticos relevantes foi fundamental.

  Daí ao compositor engajado, o desbravador fideldigno da alma feminina houve uma reeducação sentimental . No carnaval do ano seguinte eu já sabia cantar a letra de ''Vai Passar'' inteira! Ahhh molequee!!

  Agradeço ao meu pai pela sabedoria do seu nobre gesto, ao João Nogueira e Cristovão Bastos por terem sedimentado o encontro e ,é claro, ao Chico Buarque. Não posso deixar de prestar um apreço pelo meu amigo oculto da noite de Natal. O CD da dupla '' Claudinho e Buchecha'' mostrou que a busca por novos gêneros musicais precisava ser iniciada.

 Um abraço PARATODOS!!

 André Nóbrega. 

2 comentários:

  1. o dia em que se conheceu Chico Buarque é mesmo um dia para se guardar! Parabéns pela crônica!Bjs
    mari

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  2. Mari,

    é uma honra receber a sua visita. Fico feliz por você ter gostado da crônica , isso me incentiva muito.

    Um beijão.

    Deco.

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