segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crônica- Comentário inválido

  O cadeirante concentra olhares nos ambientes pelos quais transita. Há o olhar solidário, vigente nas pessoas luminosas e acessíveis a dor alheia. Tais pessoas ajudam , processam um conforto sob um critério celestial, eu lhes garanto. Há contudo, o  olhar desqualicador , comum a quem vê na cadeira de rodas uma pedra contra as possibilidades de felicidade. Não tiro a razão deles, até porque não foi criado ainda um submarino adaptado para desbravarmos o oceano. Ainda não...

 O olhar de pena concentrado ao cadeirante jovem poderá vir acompanhado do pensamento:''...mas ele tinha a vida inteira pela frente..''. Atire a primeira roda o cadeirante que não questionou isso. O caminho é deveras tortuoso, mas sem a obrigação de propagarmos uma sombra perpétua. A probabilidade do cadeirante se tornar uma mala para os chamados ''andantes'' é grande. Acontece em algum momento do estoque de reclames e recalques se acumular até virar um tormento para o cadeirante, fazendo constituir assim a pior invalidez possível ; a da não utilidade para com o seu meio de atuação.Mesmo a imobilidade sendo física ela pode se propagar ,dando uma noção de desprazer absurda ao cotidiano.
 
  A força para conduzir uma cadeira exige uma atitude heróica, um fôlego épico a fim de saber encurtar o caminho até pouco tempo fácil. O caminho é o da perseverança contínua.

  Na base da teimosia ,do riso e do gozo, prosseguiremos.

  Um abraço a todos.

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