segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Poema-Conversas Paralelas




Conversas paralelas


O telefone do vizinho toca.Sons sem conforto
inicialmente são compartilhados. Nomes de favores
estão sugeridos.Uma prosa é iniciada e eu estou novo
para o sono. Os anos de diálogos comigo à noite
se fundem à risada contagiosa do papo ao lado.

Esse ato me lembra da penugem da mulher distante
mas o catálogo de prosas percebidas está velho.
As visões do que vivo confundem ,a alegria da voz
do papo íntimo do vizinho é um evangelho mórbido.
Jogar o lixo para fora de casa talvez resolva algo .
Omisso até para a estrada do frio o meu corpo 
enfim engata o pavio da lucidez.  

Eu não confio nas conversas paralelas. Magro de tanta
acidez eu prossigo.O destino de uma conversa intriga
porque desfez o meu silêncio.Depois ,hei de bater nessa
porta cuja serenidade suja o bem senso cheio de dor
e me renega . Com isso,o tempo do desabafo vira uma
pedra contida. Dos pés sem corrida retenho o máximo
dessa existência pouco vivida. 

O telefone fora do gancho da minha casa também
me desafia.Longe do dia, enumero nomes para uma
conversa acolhedora.A minha memória ingrata pára
qualquer carinho, não perdoa um descanso sereno.
O diálogo sorridente do vizinho e a minha masmorra
insone.É o espetáculo evidente sem alívio ou amanso
para qualquer disposição salvadora.

RIO,14 DE NOVEMBRO DE 2011.

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