Pássaro negro
Pássaro negro , nada mais áspero do que planar
sem horizontes. Por isso, em segredo, minha carne
hospeda sonhos prósperos. Porque sou íntegro quando
lhe escrevo nesse rasante ótico de natureza restrita,ainda.
Estou farto do alarme camuflado de óbito em meio a tantos
desarmes, pássaro negro. Agora percebo o lampejo da tinta forte,
o alarme vasto sobrevoando apego,sem cheiro da carne cínica
e crua a atrair impureza. Com sorte ou não, possuo um porte
trôpego de Apolo vesgo circulando pela vida nova. A vida
se insinua com provas a me convencer de voar. É um parecer
sutil de Ícaro. O solo é o mesmo, meu pássaro...O céu hospeda
íntimo o meu momento farto, outrora mínimo. Não sei dizer como
de um apêndice as asas do meu vôo vigente,óbvio e crente ,
viraram pedra. Confirmo o quanto viajo melhor, apenas sei
o tipo de ave que sou, pássaro. De tudo, valeu a fim de me convocar
outros rostos. Não o de um corvo,muito menos o de uma águia.
Talvez, todo o desafogo me obrigue a continuar essa saga incoerente
com o fôlego de luta e o despertar de uma Fênix...
RIO, 20 DE JANEIRO DE 2012.
ANDRÉ NÓBREGA
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