Uma pessoa com uma lesão séria adquirida ,tem na data do fato do acidente gerador à sua condição um aniversário incômodo. Um dia com aquela carga forte o suficiente para marcá-lo com múltiplos significados . O vazio parece ser alimentado na medida em que o tal ‘’aniversário’’ se aproxima, principalmente quando a atitude adotada é a de não pensar no assunto. Difícil encontrar um poder de sugestão e controle da mente proporcionais à ruptura sofrida.Não é a maturação da pessoa para com o trauma, passa também por uma memória corporal presente.Aquela vivência anterior disposta a lhe cutucar, e assim, o aniversário da lesão sofrida nunca será um dia comum.
A data vem como uma coceira distante, perceptível ao ponto de não identificar na desmesura de um dia o agrupamento com tantos sentimentos desiguais. Cada portador de necessidade especial trabalha em seu íntimo os mecanismos de reação .Eu constatei relatos pertinentes, corajosos e de grande valor a respeito do dia da lesão por eles sofrida. A constatação dos fatos descritos é tocante , os detalhes dos aconcontecimentos ,tão palpáveis quanto nítidos, não poderiam deixar de atribuir um peso à data.
Confrontar uma data fúnebre não significa esquecer a ação célebre da retomada. Não é um dia para ser desprezado, conquanto que o impulso fundamental da reconstrução estiver alinhado ao dia x, do mês y, daquele ano em particular.
A coceira me incomoda bastante. Eu luto, negocio para ela não me asfixiar. Afinal, é um dia presente em meu calendário , com um peso neste ano ,por enquanto, menor do que o do ano passado . Será uma boa briga, no entanto,eu estou longe de largar o osso.
Um abraço a todos.
André Nóbrega.
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